
Com as desapropriações, as famílias quilombolas receberão a posse das terras. O decreto foi assinado no Palácio do Planalto, na presença de representantes dos quilombolas e do ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho. "É com muito prazer que eu assino, pois é um ato de justiça com vocês. Espero que essa assinatura contribua para uma vida melhor para todos vocês", afirmou a presidenta Dilma.
Parlamentares petistas comemoraram a assinatura do decreto, considerada uma vitória histórica para a luta quilombola. A situação da comunidade Brejo dos Crioulos é considerada um caso emblemático que é acompanhado, inclusive, por entidades de direitos humanos que atuam em âmbito internacional, como a Fian, rede que luta pela promoção do direito à alimentação e está presente em 60 países.
Na opinião do deputado Padre João (PT-MG), o decreto poderá, finalmente, assegurar os direitos da comunidade, que há mais de uma década enfrenta a violência de fazendeiros da região. "O decreto é uma grande conquista, sem dúvida nenhuma. São mais de 500 famílias que vem lutando há muito tempo para terem paz e segurança nas suas próprias terras e vem enfrentando pistoleiros, despejos judiciais e todo o tipo de adversidade. O decreto desencadeia uma segunda fase da luta, que é o acesso à assistência técnica, à energia elétrica e a outros serviços que garantam a qualidade de vida no campo", afirmou o deputado mineiro.
Padre João também elogiou a decisão da presidenta Dilma Rousseff. "Ao assinar o decreto, a presidenta Dilma demonstrou o seu compromisso com o povo negro e quilombola e, além disso, sinaliza que não basta o Estado reconhecer a sua dívida histórica com estas comunidades tradicionais, é necessário garantir os direitos destas populações", enalteceu Padre João.
O deputado Luiz Alberto (PT-BA) também celebrou a assinatura do decreto, mas lembrou que ainda há muitas comunidades com processos pendentes de reconhecimento de territórios.
"Temos que parabenizar os quilombolas e a presidenta Dilma porque esta é uma vitória histórica, que ajuda a mobilizar cada vez mais a luta em todo o Brasil, mas existem mais de três mil comunidades com os processos de reconhecimento ou titulação pendentes, número que tende a aumentar", ponderou Luiz Alberto.
Para Jônia Rodrigues, pesquisadora da Fian Brasil, o decreto coroa a luta da comunidade, que já dura 12 anos, mas ainda há muito a ser feito. "O decreto é resultado de todo um processo de organização da comunidade, juntamente com entidades de apoio, em prol da garantia dos seus direitos. Agora é necessário efetivar o processo de desapropriação e implementar as políticas públicas às quais a comunidade tem direito", explica Jônia.
Desapropriações - Segundo o texto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fica responsável por promover e autorizar as desapropriações, além de apurar administrativamente e examinar a situação dos imóveis objetos da ação. O decreto abrange apenas propriedades rurais particulares, excluindo-se as áreas públicas, ocupadas irregularmente.
"As terras que forem públicas ou griladas naturalmente não receberão indenização, a não ser as terras reconhecidamente privadas, que são particulares", afirmou o ministro Gilberto Carvalho, que recebeu um grupo de quilombolas após o encontro com a Presidenta para explicar o texto aprovado.
O território previsto no decreto abrange uma área de 17.302 hectares, onde residem cerca de 500 famílias remanescentes de quilombos. A norma entra em vigor a partir desta sexta-feira (30 e terá validade de dois anos.
Antiga reivindicação - O quilombola João Pinheiro de Abreu, líder comunitário em Brejo dos Crioulos, salientou que o decreto é o atendimento a uma antiga luta da comunidade. Ele afirmou que a assinatura é uma conquista para a população, que a partir de agora irá "monitorar e cobrar" a sua execução. "Tenho que dizer para os meus companheiros nunca desistirem da luta, porque a gente tem um governo sério. Vamos levar daqui uma resposta boa ao nosso povo", declarou.
Fonte: Liderança do PT na Câmara / 03/10/2011
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