segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Caravana percorreu Bacia do Paramirim com ações de combate ao trabalho infantil

Foi encerrada na última sexta-feira (11) a terceira Caravana de Combate ao Trabalho Infantil, que, durante dez dias, cruzou os nove municípios da bacia do rio Paramirim, entre a Chapada Diamantina e o Rio São Francisco. Cerca de 10 mil crianças e adolescentes da região participaram do evento, que ainda conseguiu das prefeituras o compromisso de aderir ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

Organizada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), a Caravana esteve nas cidades de Boquira, Ibipitanga, Paramirim, Rio do Pires, Érico Cardoso, Tanque Novo, Botuporã, Caturama e Macaúbas. Em cada um dos municípios a atividade começou numa caminhada de conscientização, com a participação dos estudantes, que levaram à população mensagens de combate ao trabalho infantil por meio de panfletagem, cartazes, apresentação de palhaços e grupos culturais.


Para encerrar a ação foram realizadas sessões públicas, nas Câmaras de Vereadores, com a apresentação do diagnóstico do trabalho infantil na região, debate sobre como combatê-lo e assinatura de adesão ao Peti, que permite acesso a políticas públicas de apoio as famílias que tem crianças trabalhando.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Social, Carlos Brasileiro, a mobilização une as forças sociais e políticas na busca de soluções para o problema. “Quando a Caravana passa levando sua mensagem e trazendo as ações do estado na área começamos a ter uma perspectiva real de erradicação do trabalho infantil. Sabemos que esse é um problema antigo e que precisa de um olhar especial de todos para que fique no passado”

Números

Nas nove cidades onde a terceira Caravana passou existem 35 mil habitantes com menos de 16 anos, destes 6,3% estão em situação de trabalho infantil. São 2,2 mil crianças que realizam atividades diversas, são babás no serviço doméstico, vendedoras no comércio, ajudantes na construção civil, carregadores nas feiras livres e agricultores na lavoura.

O estudo realizado em parceria com os Centros de Referência em Assistência Social de cada município e feito antes da chegada da Caravana, mostrou ainda que o problema atinge de maneira igual a meninos e meninas e é maior na zona rural, onde estão 70% dos casos.

De acordo com a Superintendente de Assistência Social da Sedes, Ângela Gonçalves, existe uma mistura de componentes culturais e econômicos no trabalho infantil, mas a consequência é sempre danosa, com perda de rendimento e até abandono escolar, falta de capacitação para o trabalho na idade adulta, além dos acidentes e mutilações.

“A partir de agora esses municípios estão aptos a receber o apoio do estado na erradicação do trabalho infantil e também vai haver um monitoramento maior, com uma cobrança efetiva por resultados”, explicou Brasileiro.

A Caravana contou com o apoio da secretaria do Trabalho, Emprego e Renda, Voluntárias Sociais da Bahia, Agenda Bahia do Trabalho Decente, Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho, Tribunal Regional do Trabalho, Comitê Gestor Estadual do Pacto Um Mundo para a criança e o adolescente do Semiárido, Universidade do Estado da Bahia, Universidade Federal da Bahia e Organização Internacional do Trabalho.

A coordenadora da caravana, Ana Goretti Melo, destacou que a cooperação de cada órgão foi essencial para a realização da mobilização. Ela lembrou que a ação iniciou a busca ativa de crianças e adolescentes que se encontram em situação de trabalho, além, de sensibilizar e mobilizar gestores municipais, lideranças comunitárias, políticas e sociedade com a finalidade de reduzir os índices alarmantes de trabalho infantil no Território Bacia do Paramirim. "Por meio dos nossos esforços conjuntos, tenho a certeza que se vislumbra uma nova realidade nesse Território", citou.

Saúde e educação de crianças e jovens

Este ano dois jovens morreram na Bahia vitimas de acidente durante o trabalho e os números podem ser maiores, de acordo com a Auditora Fiscal do Trabalho do governo federal, Teresa Calabrich. Segundo ela a subnotificação é grande, principalmente quando se tratam de mutilações.

A situação de estresse causada pelo trabalho ainda tira da criança o direito a brincar e estudar comprometendo o desenvolvimento físico intelectual, emocional e social. “Está enganado o pai que acredita ser importante o filho começar a trabalhar cedo, os prejuízos que isso causa são irreversíveis, refletindo inclusive no rendimento do trabalho quando essas crianças viram adultas já que elas acabam não tendo a chance de se capacitar para ter um emprego melhor”, disse Calabrich.

Fotos: Carol Garcia/Secom e Rita Tavares
Fonte: http://www.sedes.ba.gov.br/noticia/caravana-percorreu-bacia-do-paramirim-com-acoes-de-combate-ao-trabalho-infantil

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